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domingo, 24 de novembro de 2013

Por aqui, por ali, pelas estradas

O tempo passa, e a maneira de ver o mundo também. Quantas vezes passamos por uma estrada e anos depois repetimos o percurso, mas tudo nos parece tão diferente! As vezes as coisas realmente mudaram, ou nem tanto assim, mas a nossa visão certamente. Os detalhes, antes imperceptíveis, aparecem agora, do nada. É, a estrada é diferente, e o destino também, por que não!? Não que eu viaje muito. Mas tenho fascínio por percorrer certas trilhas e descobrir seus segredos. Essas fotos foram tiradas de vários caminhos por onde andei. Mal sabia fotografar, quando ainda usava filmes, e perdi muitos momentos interessantes. Tive que escaneá-las, e a qualidade passa longe do "razoável". Ficava tão extasiada sentindo na pele cada lugar, que me esquecia completamente da câmera nas mãos!  Rever uma imagem emociona! Afinal, a verdade não está na estampa, e sim dentro dela, o que ela carrega de boas lembranças. Onde estão as vivências, as emoções e tantos perrengues passados até chegar ali, naquele exato momento.  Vale a pena viver!!!

(Estradinha que acaba num rio, o qual tive que atravessar nadando)

Por aqui passei de jipe num trecho da Estrada Real. Pequenos riachos, clima bucólico e muitas araucárias (pinheiro de regiões frias). No século XVIII eram muitos os descaminhos que levavam às minas de ouro no interior de Minas Gerais. Preocupada com os desvios de suas riquezas, a família real resolveu fazer um caminho oficial, que ligava a cidade de Paraty (no Rio) à antiga Villa Rica (hoje Ouro Preto), onde estavam as minas. Depois surgiram outros caminhos que se interligavam, num total de 1.600 km. São 8 cidades no Rio de Janeiro, 3 em São Paulo e 76 em Minas Gerais.

Uma estrada que, aparentemente, liga nenhum lugar a lugar nenhum no interior da Bahia. Não resisti ao ver essas fantásticas formações rochosas no meio do caminho. De que era geológica seriam? Realmente, somos seres insignificantes diante de tamanha grandeza!

A 10 km do centro de La Paz (Bolívia) chegamos ao Vale de La Luna, passando por um estrada cheia de curvas e cercada de montanhas da cordilheira dos Andes. Para quem enjoa fácil, como eu, há de se precaver num caminho tão sinuoso, além de estar num lugar a mais de 3.600 metros de altitude. Mas as belezas do caminho compensam qualquer sacrifício!

Saindo da aldeia dos índios Pataxó, seguimos a pé por uma pequena estrada até Caraíva, no sul da Bahia. Região de beleza intocável! Mas quando se chega na parte asfaltada, que vai até Porto Seguro, é possível ver pequenas crianças indígenas vendendo filhotes de animais silvestres na beira da estrada, desde papagaios, micos do tipo Sauá, tartarugas, tucanos e tantos outros.  Fico imaginando  aqueles olhinhos assustados, o que se passa na cabecinha deles? Triste visão de como o mercantilismo chegou tão rápido nas aldeias, e há tanto tempo... Por que a natureza rivaliza com a própria natureza??? 

Certa vez me chamaram para ver um cobra coral que apareceu numa pequena estrada de terra, na entrada de um sítio. Estava fazendo uma trilha pela serra da Mantiqueira. Obviamente era uma coral falsa, ou eu não a teria segurado assim, despretensiosamente! Se acreditamos em forças maiores, creio que a natureza é uma delas. Sou contra a matança indiscriminada de qualquer animal que se encontra indefeso, seja cobra, tubarão ou um simples escorpião.  A natureza é sábia, e muitas vezes somos nós que estamos no lugar errado!


sexta-feira, 15 de novembro de 2013

O dia do Eu


Declarei hoje o meu dia do "eu" particular. Quanta redundância!!! Que ser estranho o ser humano. Se estamos sozinhos, por um dia que seja, ou por apenas algumas horas........os pensamentos vêm em turbilhões! Os neurônios começam a fazer suas sinapses sem parar, mesmo que você queira somente um "relax". Ok, então vamos pensar. Pensamos em nossos acertos, e também em nossos erros. Ah, se pudéssemos voltar atrás........mas para quê? Uma vida só de ganhos tende a ser de alto risco. Então, viva essa ambivalência! Nem sempre absorvi bem meus fracassos. Hoje sei que eles foram simplesmente perdas. Como as pedras que encontramos pelo caminho, eles jamais me impediram de continuar seguindo em frente. Sou perseverante! Meus (poucos) sucessos me trouxeram alegrias e, sobretudo, valores. A vida segue, e com ela vou aprendendo a não levar tudo a "ferro e fogo". Aprendi que nem tudo na vida deve ser levado a sério demais (senão caspa vira pipoca!). Temos que dar chance também às imperfeições. Conheço-me muito bem, e sei a exata medida em que sou sensível às críticas e aos elogios. Normal. As vezes tento mergulhar fundo em mim mesma e encontro mais perguntas que respostas. Talvez não esteja sozinha nessa. Que bom! Ainda temos uma vida inteira para tentar respondê-las. E assim vamos vivendo em meio a esse caos urbano-cultural e a delícia de ser o que se é. Esta é a vida real, sem reticências. 

Agora sim, já posso voltar a viver em sociedade e ser mais uma formiguinha no meio da multidão.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Cuidar do que já existe

Centro Histórico de Agadez - Niger. Conhecido como o portão do deserto, no limite sul do Saara, foi desenvolvido no Sultanato de Aïr, com as tribos Touareg. São construções feitas de tijolo e barro, datadas do século XVI, por onde passam as caravanas do deserto (todas as fotos da web)


Todos os dias nos deparamos com previsões científicas catastróficas para um monte de acontecimentos ambientais. Muitas são difíceis de serem compreendidas por nós, simples mortais. Enquanto outras acontecem ao vivo e a cores por aí, basta ligar a TV, o computador ou o celular. Há muito, muito tempo, deixei para trás aquela visão utópica de querer melhorar o mundo. Não queria ser mais uma a descredibilizar os argumentos em defesa do ambiente e da própria vida. Afinal, ainda utilizamos veículos poluentes à gasolina para nos deslocarmos. E, até onde eu sei, a maioria disparada das pessoas usa a eletricidade para iluminar suas casas, e não mais a vela ou lampiões a gas (ainda bem!). Então, como não somos anjos e muito menos santos, e como vacilamos em vários momentos, vamos tentar cuidar um pouco mais de tudo isso que está aí. É melhor ajudar de alguma forma, por menor que seja. E se acaso não puder ajudar, pelo menos não atrapalhar. É preciso cuidar de toda a Terra e tudo que nela vive, incluindo nós mesmos. Penso que protegemos o meio ambiente para garantirmos a própria sobrevivência da espécie humana. Senão não teria muito sentido. E como recompensa temos ar puro, florestas de pé, oceanos e rios limpos, culturas preservadas e muito mais. É preciso dar valor ao que realmente importa e preservar o que já existe e merece ser cuidado. Assim como os novos patrimônios mundiais da humanidade que deixo aqui. Cuidar.......esse é o cara!

 Bergpark Wilhelmshöhe - Alemanha. Considerado o maior parque montanhoso urbano da Europa, em seu palácio encontra-se uma das grandes coleções de mestres pintores europeus. Suas fontes de água formam um teatro aquático único - são 750 mil litros de água que descem 80 metros por cachoeiras artificiais e espelhos d'água.


Terraços de Arroz de Honghe Hani - China. Por mais de 1.300 anos, o povo Hani, do sul da China, vem usando este sofisticado sistema de canais para levar a água das montanhas de Ailao até lá embaixo, onde ficam  os terraços de arroz. O visual colorido é de uma exuberância única!!!


Tserkvas de Madeira dos Cárpatos - Polônia e Ucrânia. Na Europa ocidental estão as 16 Tserkvas - igrejas de madeira construídas pelas comunidades ortodoxa e católica entre os séculos XVI e XIX.


Universidade de Coimbra - Portugal. Um reconhecimento pelo valor arquitetônico do complexo universitário e berço de cultura.


Mar de Areia Namib - Namíbia. O único deserto costeiro do mundo, na árida costa africana do Atlântico Sul, com grandes dunas formadas pelo intenso nevoeiro.

domingo, 3 de novembro de 2013

Nas esquinas por aí

Andando pelas ruas, subindo e descendo ladeiras, sentando no meio fio, observando as fachadas, os telhados, as pessoas, vendo a vida passar......Epa, a vida não! Essa eu não vou deixar passar em branco. Quantos caminhos ainda por percorrer, e quantos ficaram para trás. Tenho uma tendência a simplificar tudo em minha vida, às vezes até demais. Me desfaço de qualquer coisa com a maior facilidade - talvez tenha que consertar um pouco isso.... Roupa? Só o que couber no meu  armário enxuto (de propósito, é claro). Sapato? Não tenho nem 8 pares. E quando entra um novo no pedaço, um outro, obrigatoriamente, terá que sair. A regra é clara. Nada de excessos. As doações estão aí para isso, afinal. Acho que fui uma das últimas de minha geração a ter "facebook", e já estou pensando seriamente em cancelar minha conta. Esse negócio de curtir daqui, curtir dali, até mesmo sem ter lido coisa alguma! Santa paciência, que infelizmente eu não tenho. Nada contra! Desejo tudo de bom para quem tem - amigos meus inclusive, ok! Afinal, é a maior vitrine da humanidade, sem dúvida, mas ainda prefiro as ruas. Andar por aí, respirar novos ares, subir montanhas, sentir o vento na cara, atravessar oceanos, conversar com pessoas de verdade, voar, mergulhar em mar aberto e se descobrir um peixe  (fora d'água!). Andar por ruas tranquilas num país distante e, ao virar uma esquina, se deparar com uma feira incrível, fervilhando de antiguidades, flores, pinturas, máscaras, livros, e gente de todo tipo. Este é o mundo louco, lindo, insano e poético que eu quero viver!!!
Bons ventos a todos!

 Como é bom, num dia de céu azul assim, se perder pelas ruas estreitas de Belém, em Lisboa. E então, nada melhor que aproveitar o clima e pedir uma sardinha com batata ao murro para passar o tempo. Que tempo bom, que dia lindo, que país fantástico os portugueses têm!

Adoro descobrir um caminho diferente e me deixar guiar pelos meus sentidos, absolutamente confiáveis. Esta esquina madrilenha, cheia de artesanatos de Toledo, aguça os sentidos de qualquer um!

Uma confeitaria na Rambla que te deixa literalmente com água na boca, e fica bem perto de uma feira borbulhante, numa das esquinas de Barcelona. Funciona no mesmo lugar desde 1820. Quer dizer então que somos loucos por doces desde os tempos remotos? Que delícia!!!!!

E como não sentar à beira do rio Tejo, sentir o vento na cara e só ouvir o barulho dos pássaros e dos grandes barcos chegando? Quase posso voar. Me dê só uma par de asas!

Da janela do TGV é possível se imaginar em uma maratona na velocidade da luz e, ao mesmo tempo, observar o caminho árido e misteriosamente belo entre Madri e Barcelona

Ao final da Rambla Catalunya com a Diagonal está a simpática "La Jirafa Coqueta", uma escultura em bronze de Josep Grayner. Metade humana, metade girafa, ela nos acena de todos os ângulos. E como se não bastasse a pose, a girafinha parece querer conversar com você que, afinal, está ali à toa, sem nada para fazer mesmo........


Quando estou viajando penso, e agora, onde ir? E na maioria das vezes gosto de me perder propositalmente em bons lugares.......... mas sempre me acho no final!